As bem-aventuranças os pacificadores

“Eles amam o conflito”. Que proveito há nos conflitos? Consideremos mais a fundo o que Jesus quis nos ensinar com estas palavras: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).

Mateus 5:9

“Eles amam o conflito”.

Fiquei um pouco surpreso ao ouvir essas palavras. Quem pode gostar de conflito? Que proveito há nos conflitos? Jesus disse, ao contrário, que bem-aventurado e abençoado é aquele que ama a paz. Significa: bem-aventurados aqueles que trabalham a favor da (procuram) paz. Jesus nos ensina um caminho celestial, um caminho diferente da tendência humana. O pacificador é alguém que ama a paz, que busca a paz, que procura a paz sempre que pode. É alguém que evita os conflitos, que não entra em disputas judiciais, nem busca vingança. O pacificador é alguém que procura a paz que Jesus fala em João 14:27: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

A paz oferecida por Jesus, o Príncipe da Paz, é diferente, é única, e somente por meio dele podemos obtê-la e oferecê-la a outros. O Príncipe da Paz nos deu o exemplo perfeito do que é um verdadeiro pacificador. O mundo oferece falsificações da paz verdadeira, mas é o exemplo do Príncipe da Paz que o verdadeiro pacificador seguirá. Consideremos mais a fundo o que Jesus quis nos ensinar com estas palavras: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).

Exemplos do Príncipe dos pacificadores

Quando Jesus nasceu, uma multidão de anjos anunciaram sua vinda com estas palavras: “paz na terra” (Lucas 2:14). Havia nascido o Príncipe da Paz que o profeta Isaías havia anunciado muitos anos antes (Isaías 9:6). Agora, os seguidores deste Príncipe vivem sob seu domínio, são governados por seus ensinamentos e seguem os exemplos do próprio Príncipe. Nele encontramos a verdadeira interpretação de suas palavras: “Bem-aventurados os pacificadores”. Vejamos alguns exemplos de quando nosso Príncipe da Paz foi um verdadeiro pacificador.

Em uma aldeia dos samaritanos (Lucas 9:51-56)

Jesus e seus discípulos estão a caminho de Jerusalém. Chegando em uma aldeia dos samaritanos, Jesus envia dois de seus discípulos para fazer certos preparativos. Mas os samaritanos não os recebem. João e Tiago imediatamente pensam em vingar-se, ao pedir fogo do céu para destruí-los. Mas Jesus responde e lhes diz: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las”. Em seguida Jesus e seus discípulos vão para outra aldeia.

Na contenda dos irmãos por uma herança (Lucas 12:13-21)

Dois irmãos têm uma contenda por uma herança. Um deles vem a Jesus e lhe pede que resolva a injustiça que seu irmão lhe fez. Jesus não vai atrás dele, em vez disso o faz ver que a causa da contenda não é a injustiça de seu irmão, mas sim o amor ao dinheiro em seu próprio coração. Ao resolver esse problema, não haveria contenda.

Os discípulos discutem quem é o maior entre eles (Lucas 22:24-27)

Os discípulos discutem sobre qual deles é o maior ou o mais importante. Jesus volta-se para eles e lhes ensina que essa é a maneira de pensar deste mundo. Os homens lutam constantemente para serem os maiores e para terem as melhores posições neste mundo. Mas no reino de Deus, aquele que serve humildemente aos outros, é o maior. Este conceito nunca dá lugar a desentendimentos nem contendas.

No momento da prisão de Jesus (Lucas 22:49-51)

Por vezes, os discípulos tinham dificuldade de compreender Jesus. No Getsêmani, eles se encontraram com os soldados que vieram prender Jesus. Pedro reagiu de imediato e tirou a espada. Felizmente, Pedro não conseguiu cortar a cabeça do soldado, mas apenas a orelha. Jesus nos ensina uma lição muito importante quando repreende Pedro e cura a orelha do soldado. O Príncipe da Paz não vem com a espada. Ele vem com um coração de amor, mesmo para com seus inimigos.

Jesus perdoa mesmo na cruz (Lucas 23:34)

Os soldados romanos acabam de crucificar Jesus. Eles, junto aos líderes dos judeus, zombavam de Jesus. Neste momento, Jesus tinha toda a capacidade de destruí-los num piscar de olhos, com mais de doze legiões de anjos que estão à sua disposição. Mas Jesus olha para seus inimigos e os vê como almas perdidas e confusas, que não sabem o que estão fazendo. Então, levantando os olhos para o céu, Jesus clama: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

Como é o verdadeiro pacificador?

A que se devia a paz que Jesus demonstrou em diversas situações aqui na terra? Primeiro, em cada situação ele era um reflexo perfeito da pessoa de Deus, seu Pai. Deus é um Deus de paz. O homem está em inimizade com Deus por causa do pecado. Nessa condição, ele não pode experimentar a paz com Deus nem consigo mesmo. Ele vive em constante conflito com ambos. Mas Deus nos ama tanto que nos oferece a reconciliação. E ele realiza essa reconciliação por meio do sangue de Cristo (Colossenses 1:20-22). Nós somos totalmente indignos de receber essa paz com Deus, mas ele a oferece porque nos ama. Ele deseja que todos tenham paz mediante a obra de Jesus Cristo (2 Tessalonicenses 3:16). Por meio da justificação em Cristo (Romanos 5:1), recebemos a paz e a reconciliação com Deus (Efésios 2:14-18). Nossa própria reconciliação com Deus é o fundamento que nos permite ser pacificadores neste mundo. Sem esse fundamento, qualquer esforço é carnal e nunca trará verdadeira paz.

Também vemos no exemplo de Jesus que o verdadeiro pacificador tem o propósito de salvar almas. Esse propósito faz com que ele possa perdoar qualquer ofensa contra sua pessoa. Em vez de reagir com ódio, ele pode responder com bênção. E por causa do seu propósito, que é a salvação das almas e não a defesa de sua própria pessoa, é impossível derrota-lo, mesmo que o matem.

No exemplo de Lucas 12:13-21, vemos que um verdadeiro pacificador se mantém livre de qualquer motivo carnal. O homem dessa história queria um acordo com seu irmão, mas com fins materialistas. Se não fosse pelo ganho que ele esperava obter, talvez ele nunca tivesse se incomodado em ter que corrigir seu irmão. Quantos esforços de reconciliação e paz serão feitos neste mundo motivados por proveitos pessoais?

Um verdadeiro pacificador tem, além disso, uma disposição sincera de servir humildemente, tanto a seu próximo como a seu inimigo. Com tal pessoa, é praticamente impossível ter um conflito. Pelo contrário, dificilmente alguém pode exaltar a si mesmo sem pisotear os outros.

Falsificações de um verdadeiro pacificador

Hoje em dia, o mundo está em constante conflito ao mesmo tempo em que busca paz. Os países promovem marchas pela paz, procuram implementar tratados de paz e cessar-fogo com o fim de acabar com os conflitos. Ainda existem grupos religiosos que se uniram ao esforço político de buscar a paz no mundo. Isso tem sido uma solução para os conflitos entre as nações? Conseguirão a verdadeira paz? Não, porque a paz que procuram é de acordo com a opinião humana e não de acordo com Deus. Os conflitos continuam como sempre.

Um ganhador do prestigiado Prêmio Nobel da Paz defendeu a paz civil e a promoveu em muitas partes do mundo. Ele foi elogiado pelo mundo por suas conquistas em matéria de paz. Mas a paz que ele promoveu nada mais é do que a ausência de conflito aberto, é apenas a paz que se encontra no mundo. Em seu próprio casamento, por exemplo, ele não conseguiu conquistar a paz nem a reconciliação com sua esposa. Ninguém pode conhecer a verdadeira paz se não conhecer pessoalmente o Príncipe da Paz e se sujeitar ao seu governo no Reino de Deus.

As nações podem conseguir uma paz perpétua? Jamais! Como pode o homem carnal ter os propósitos e a mente espiritual de um verdadeiro pacificador de acordo com Cristo? Por outro lado, como conseguir a paz se nem sequer colocam o fundamento para a construção da verdadeira paz?

O mundo vê os conflitos de hoje como um obstáculo ao sucesso e à prosperidade econômica. Eles veem como um prejuízo aos direitos humanos. Muitos têm motivos egoístas infiltrados em seus esforços pela paz. Mas, quem pode entender que a falta de reconciliação com Deus por meio da fé no sangue de Jesus é o problema fundamental do ser humano que o impede de ter paz tanto com Deus como com o próximo? Quem pode ver que os propósitos e princípios na vida de Jesus são o único meio para alcançar a paz? Nem a política, nem a força militar, nem qualquer outro esforço humanista têm essa capacidade. Isaías 48:22 diz que não há paz para os ímpios.

E o pacifismo?

O lema do pacifismo é eliminar a guerra e a violência. Os pacifistas acreditam que as desavenças no mundo podem ser resolvidas com diálogo. No entanto, o pacifismo não é suficiente para criar a paz. Supostamente, eles baseiam sua crença no Sermão do Monte, onde Jesus ensina que não devemos resistir ao mal. Normalmente, o pacifista crê que a violência é moralmente má. Ao mesmo tempo, alguns justificam a força em alguns casos. Existem muitas motivações e crenças entre os pacifistas. À primeira vista, seus programas parecem bons. No entanto, seus motivos muitas vezes são egoístas, pois buscam seu próprio bem. Seus ideais não se encaixam aos propósitos de Jesus. Muitas vezes eles usam coerção para levar os governos a impulsionar seus programas. O pacifismo é uma falsificação da vida e dos ensinamentos de Jesus.

A Bíblia nos ensina que, como discípulos de Jesus, não somos do reino deste mundo. Ela nos ensina a importância de nos submetermos aos governantes, desde que isso não prejudique nossos deveres no Reino de Deus. No entanto, nosso chamado é buscar a salvação das almas, ajudar as pessoas a se reconciliarem com seu Criador. Não somos chamados a manipular os governos nem buscar a paz mundial através do ativismo político. Somos chamados a amar a nosso inimigo e fazer-lhe o bem. Não cabe a nós buscar a vingança nem reivindicar justiça. Não somos do reino deste mundo.

O coração de um pacificador

Jesus nos ensina em Marcos 12:29-31 que os dez mandamentos podem ser resumidos em dois: Amar a Deus com todos o coração e amar ao próximo como a si mesmo. Esse duplo princípio é o coração de todo o Novo Testamento. Essa lei é conhecida como “a lei de Cristo”. É a lei do amor.

Nos ensinamentos do Sermão do Monte, Jesus nos ensina diferentes maneiras pelas quais o amor busca reconciliação. Ali ele trata do problema de matar e da ira (Mateus 5:21-26). O amor e a reconciliação com Deus e com o próximo solucionam todos os problemas de ira e de qualquer desejo de tirar a vida do outro. O pacificador busca soluções de acordo com a lei de Jesus, de acordo com a lei do amor que ele nos deu.

Jesus também disse que o adultério é pecado e não deve ser encontrado na vida de seus seguidores (Mateus 5:27-32). Qual é a solução para o casamento que enfrenta conflitos? A Bíblia ensina que se deve buscar a reconciliação e não a separação. A lei do amor determina que busquem a paz e a reconciliação com Deus e com o próximo e não as opções que são oferecidas pelo mundo.

Embora no Antigo Testamento se praticasse o “olho por olho e dente por dente”, a lei do amor que Jesus ensina não retribui mal por mal (Mateus 5:38-44). O pacificador não busca vingança, mas ama seus inimigos e abençoa aqueles que o amaldiçoam. Ele paga com o bem o mal que lhe fazem. Ele prefere sofrer do que fazer o outro sofrer.

Com tudo isso, Jesus nos ensina a perdoar, abençoar, emprestar sem esperar nada em troca, fazer mais do que nos exigem e nos reconciliarmos com nosso oponente. A solução para o ódio e a inimizade é o amor. A paz é mais desejada que o poder.

Mas tudo isso é possível unicamente pelo poder de Jesus em nós. Ele nos dá o poder de buscar a reconciliação com o irmão que ofendemos. É o poder dele que nos permite amar o inimigo em vez de buscar vingança. É o amor dele em nossa vida que nos permite perdoar e fazer o bem àqueles que nos fazem o mal. Para ser um verdadeiro pacificador, Cristo precisa dar-nos um novo coração. Para ser um instrumento de reconciliação, um pacificador, devemos primeiro ter feito as pazes com nosso Criador. Essa paz no coração nos permite ser pacificadores. Jesus disse que o pacificador é bem-aventurado. Ele é abençoado. Deus o chamou para um trabalho extremamente importante e nobre em seu reino.

Eles serão chamados filhos de Deus

Todos sabemos que muitas vezes se vê no filho as características de seu pai. Os filhos de Deus também refletem o caráter de seu Pai. Eles são conhecidos como pacificadores, pessoas que buscam e promovem a paz. Deus é o Deus de paz. Jesus é o Príncipe da Paz. Os filhos de Deus, os seguidores de Jesus, mostram essa mesma característica e são protagonistas da mesma paz para seus semelhantes. Essa característica é uma evidência de que eles são de Deus. “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.

Detalhes
Idioma
Español
Autor
Duane Nisly
Editora
Editora Monte Sião
Temas

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